segunda-feira, 2 de maio de 2011

A PIOR VIAGEM DA MINHA VIDA!!

Essa poderia ser uma história muito trágica, se não fosse cômica. A história a seguir foi, de longe, a pior viagem da minha vida. Você já fez uma viagem em que por instantes (leia-se toda ela) preferiria estar numa véspera de feriado na Marginal com chuva do que na praia? Ok, Ok, eu disse a uns 2 posts anteriores que praia é sempre praia, não importa a situação. Bem, vou discordar de mim mesma nesse exato momento, já que a mesma se passa rumo a Ubatuba (litoral norte de São Paulo).

Eu tinha uns 11 anos e meu irmão era muito amigo de um cara chamado Paulão. Ambos tiveram a originalíssima ideia de passar o feriado na praia.  Luca (como eu o chamo) muito solicito, levou minha mãe e eu a tiracolo. LEGAL, NÉ? Se não fosse minha mãe, meu irmão (que mede 1,87), o Paulão (que honrava o aumentativo de seu nome), a mulher dele (Ana) e eu numa BRASÍLIA cor ferrugem, ano sabe-se lá Deus.

Quando achávamos que nada poderia dar errado... A minha mãe decide levar praticamente a casa amarrada no teto do carro. Pra se ter uma vaga noção da gravidade, nos pés dela foi uma TV e na minha uma panela de pressão. Enfim, não vamos perder o humor. Socamos na pobre Brasília as 5 pessoas, TV, panela de pressão, edredons, malas, jogos de tabuleiro, garrafas de água, travesseiros, compras de supermercado e tudo mais que se tinha direito e fomos nós pegar a estrada sentido a tão sonhada praia..
Era uma Brasilia exatamente como essa.. TRAUMA

Durante o caminho, o óbvio!! Transito master e para fugir, meu irmão decidiu pegar um "atalho" que nos levaria, CLARO, a lugar nenhum. Conclusão: Nos perdemos (e não?). Saímos da estrada mais ou menos uns 40 minutos...

E quando achávamos que nada mais poderia dar errado... O meu irmão, que conseguia ser mais cego que eu naquela época, logo depois que conseguimos voltar para a estrada correta, não viu uma cratera que até o Ray Charles enxergava eeeeeeee... furou-se o pneu!! Como paramos no meio do nada, lá fomos nós tentar iluminar o ambiente do jeito que dava e colocar o step. Uma hora depois, entra todo o mundo no carro, troca-se alguns de lugar: O Paulão começa a dirigir, eu inverto com a minha mãe, já que a TV era maior que a panela e a minha amada genitora estava com dor nas pernas (desculpem, ela é minha mãe, mas juro que nesse momento eu queria ter jogado a TV na cabeça dela. Talvez fosse exatamente por esse motivo que eu não cometi  tal ato).

Continuando nosso trajeto, faltando cerca de 40 minutos para chegarmos na tão sonhada Ubatuba, em uma cidade que até hoje eu me recuso saber qual é, a pobre Brasília, do nada, foi andando cada vez mais devagar, devagar, devagar e... pum: PARA. Usaram todas as luzes do carro para ajudar a iluminar a troca do pneu e a bateria não aguentou. Eram 2 da manhã e do outro lado da rua tinha um auto elétrico que só abria as 8. O que nos restava? DORMIR dentro do carro até de manhã... sim sim, eu + Ana + minha mãe + meu irmão + o pequeno Paulão + TV + panela de pressão e tudo mais que vocês possam imaginar dormindo numa BRASÍLIA.

E quando achávamos que nada mais poderia dar errado... O carro parou ao lado de uma caçamba de lixo.. não, eu não escrevi errado.. além de tudo, tínhamos que aguentar o mau cheiro e os mosquitos que fizeram o enorme favor de picar a perna da minha mãe, que por sua vez ficou parecendo um pão sovado de tão inchada, que por sua vez ficou reclamando o resto da viagem, que por sua vez faltou nos deixar loucos.

Chega a bendita 8 horas que mais parecia 8 anos e o tal do mecânico apareceu. Cobrou uma fortuna por outra bateria emprestada e prometeu dar um jeito naquela 3 dias depois. Ou seja, na volta teríamos que passar por lá para fazer a troca novamente (ai Jisuis). Todos (quase) sãos e salvos e ainda com esperança de dormir na praia ouvindo o mar, compensando assim, todo o sacrifício feito até então.

Quando achávamos que nada mais poderia dar errado... Ubatuba fez jus ao seu apelido de UBACHUVA. É, estava chovendo.. e muito.

No fundo, no fundo, todos acharam até bom, precisávamos dormir. Chegamos na casa, tomamos banho enquanto minha mãe preparava um macarrão as 10 e tantas da manhã, mas a fome era tamanha que devoramos ele e seus 3 kilos de sal que acompanhava o molho a bolonhesa. Tadinha, a coitada já tinha sido picada, não tinha dormido e ainda fazer comida pra 5... pra falar a verdade, pra mim, foi o o melhor macarrão do mundo.

E quando achávamos que nada mais poderia dar errado... TODOS os dias choveram naquela bendita cidade. Jogamos War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida,Stop, Forca e Mimica, além de assistir I Love Lucy, Chaves e Os 3 Patetas na tal TV (mamãe, eu te amo). Por sinal, assistindo a esse último que nasceu "a frase da viagem" (ainda vou falar de frases que nascem em viagens): "VOU TE MATAR ATÉ VOCÊ MORRER". Não me pergunte como nem o porque, mas qualquer coisa que acontecia, um soltava essa baboseira (ai minha Nossa Senhora dos Farofeiros);

Na verdade, nem todos os dias choveu. Teve um único dia que fez sol: o ÚLTIMO, claro. Domingão, todos prontos para voltar pra casa eeee... abre aquele sooool. Naquele momento, um olhou para a cara do outro e chegamos a conclusão óbvia: Agora que se dane, vamos pra praia.

Ahhh a praia... disputando areia com mais 3 mil seres tão mau-humorados quanto nós, comendo milho, camarão, os adultos tomando aquela cervejinha, eu só na raspadinha pois a idade não permitia... todos estavam finalmente felizes...

Eis a tal Banan Boat, mas essa deve ser americana,
está bonitinha demais pra ser a mesma...
Nada mais poderia dar errado, mas...  Eis que meu irmão tem a brilhante ideia: Vamos andar de Banana Boat? Para quem não sabe, Banana Boat, ou simplesmente Banana, é uma grande bóia amarela em formato da tal fruta, puxada por uma lancha, que leva 5 ou 6 idiotas sentados em cima para dar uma voltinha. Minha sábia mãe decidiu ficar na areia. Os outros 4 colocaram seus devidos coletes e foram rumo a diversão. Uma delicia, se na curva o ser que vos fala não tivesse caído no mar. Eu gritava como uma louca desvairada e nem tinha percebido que estava de colete, ou seja, eu não ia afundar. Meu irmão, p da vida, desce do boat, me joga na lancha de qualquer jeito, sobe de novo na banana e obriga o rapaz a continuar a viagem. Eu? Bem, eu realmente tinha bebido aguá e estava como uma criança de 11 anos que quase se afoga, ou seja: em pânico. Mas a raiva do meu irmão era tanta que ele só queria terminar aquela volta em paz.

Logo depois do almoço, fomos embora rumo a Sampa. Com um pouco menos de bagagem porque comemos parte da compra do supermercado (que claro, era muito maior que precisávamos). Nós e 80% de São Paulo que estava no litoral subiam a serra e como não poderia deixar de ser, pegamos aquele transito gigantesco. A essas horas nenhum de nós estava com menor vontade de olhar pra cara do outro, quiçá conversar. Só queríamos chegar logo em casa.

E quando REALMENTE achávamos que nada mais nessa PORCARIA de viagem poderia dar errado...  A Ana teve uma vontade enlouquecedora de fazer XIXI. É, no meio do nada.. XIXI... Meses depois descobrimos que essa vontade incontrolável dela chamava-se Marcelo (que deve ter uns 17 anos hoje), mas enfim, não havia nenhum posto ao redor e nem conseguíamos sair do lugar (falar a verdade, depois de 2 kms achamos um, mas andar 2 km naquele transito era o mesmo que 40, o que no frigir dos ovos dava na mesma). Essa mulher ficava cada vez mais roxa conforme o tempo passava, até que o marido dela disse: Amor, vamos ali no matinho, eu vou com você. Minha mãe completou com um: Ah tem papel higiênico aqui (o que não tinha naquele carro, por favor... ah sim, claro, não tinha ESPAÇO) e ela, no desespero de não fazer na roupa, entrou com o marido mato a dentro.

Não mais que 50 segundos depois.. a cena que eu presenciei valeu por toda a viagem, poderia ter passado pelo dobro de apertos que passei, mas para ver ao vivo aquela imagem, teria valido a pena: Os dois, saindo de dentro do mato, correndo sentido o carro, ela puxando a bermuda de cotton, ele puxando a bermuda de cotton dela e uma VACA atrás deles.. é.. sim.. uma VACA. Eles entraram no carro tremendo, detalhe: os dois entraram como dava, afinal, Brasília não tem 4 portas... eu só me lembro que a Ana foi parar no colo do meu irmão. A coitadinha da vaca, por sua vez, ao ver aquele monte de carros recuou e voltou para o pasto (ou seja lá onde ela estava), feliz e contente. A nós, restou cair na gargalhada... O que fazer quando a melhor coisa que nos acontece em toda a viagem, é uma vaca correndo atrás de um casal fazendo xixi no mato?
 
Mexe com quem está quieta


Lá se foram quase 18 anos.. o meu irmão logo depois vendeu a Brasilets e o carro dele hoje nem de longe lembra a velha Ferrugem.. Eu? Bem, desde então, nunca mais voltei a UBATUBA... porque será?

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