sexta-feira, 5 de novembro de 2010

E VIVA SANTOS DUMONT


Muitos sabem da minha relação de amor e ódio (muito mais ódio, diga-se) com avião. E não digo isso porque tenho medo de voar, ao contrário, digo isso pelo desconforto que é viajar pelo "passarinho de ferro".
A 50 anos atrás, viajar de avião era para quem podia. Os aeronaves possuíam poucos assentos e haviam serviço de bordo requintado.

Nos tempos "modernos", a coisa mudou de figura. Devido ao valor mais acessível e uma grande demanda, os aviões deixaram esse glamour de lado pra ganhar mais assentos. Sai o requinte, entra o aperto.

Num embarque, é fácil identificar quem nunca voou ou quem voa poucas vezes. É um tal de tira foto no finger, e entra saltitante no avião e sorri pra todo o mundo. Uma festa!

Até fazer isso 30 vezes ao ano.

Quando os funcionários das Cias. Aéreas chamam os passageiros, o texto deveria ser: Lata de Sardinha Tam 3089 com destino a Recife, embarque no portão 6. Última chamada.

Exemplifiquei com a Tam, mas pode exemplificar com qualquer outra. Voos internacionais conseguem ser pior ainda, isso claro, pra quem viaja de "favela-class" (nunca vou esquecer isso Luzi).

Nada é mais constrangedor do que entrar no avião, ver todos os bonitinhos da primeira classe confortavelmente sentados, depois a executiva e por fim nós, os "pobrões de economica" tudo se espremendo no fundão. É uma beleeeeza =S





E eu nem considerei o projeto de viajar em pé...

Ônibus de linha consegue a proeza de ser mais confortável. Eu me lembro dos meus tempos de Pirituba/Itaim Bibi onde eu bem que conseguia tirar um cochilo. Fala pra dormir naquela cadeira minúscula e reta? (porque falar que aquilo inclina, ta de brincadeira comigo).

E os efeitos colaterais? Você incha ou fica como eu, parecendo um dálmata, cheia de manchas na pele causada pela má circulação. Seu ouvido dói e suas costas também.

Isso sem levar em consideração todo o processo que é. As cias. aéreas poderiam distribuir um check list pra galera, né?
  • Chegar no aeroporto;
  • Ficar na fila do check-in;
  • Fazer check-in;
  • Ir pra sala de embarque;
  • Passar pela policia federal e seus amados raioX;
  • Rezar para que seu voo saia no horário ou que você não esteja no portão 25 e "reposicionem a aeronave" para o portão 1;
  • Pegar fila pra entregar o bilhete e a identidade;
  • Pegar fila pra entrar no avião;
  • Passar naqueles corredores da aeronave sem bater em ninguém (ou o menos possível);
  • Rezar para que tenha lugar para colocar a bagagem de mão;
  • Socar sua mala de mão num cantinho;
  • Sentar;
  • Apertar o cinto;
  • Ver os coitados dos comissários fazendo todos aqueles procedimentos ridículo;
  • Subir;
  • Rezar pra não cair;
  • Afrouxar o cinto;
  • Comer;
  • Apertar o cinto, fechar a mesinha e "subir" o banco;
  • Aterrisar;
  • Conseguir sair do avião;
  • Ir até a esteira;
  • Esperar pacientemente pela sua mala;
  • E finalmente ir embora.
Não desconsidero em hipótese alguma o mérito do bigodudo de chapéu branco, ao contrário, fico imaginando eu fazendo um Movie Day em Manaus de onibus e barco... quando eu chegasse, o filme teria saído de cartaz. Mas hoje, voar é o meu maior exemplo de mal necessário.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Amandox, você é impagável... conseguiu resumir um sentimento compartilhado... PARABÉNS... ADOREI!!!

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  3. Adorei o resumo! e eu ainda que tenho medo? rs....

    Tati

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  4. ahhh... Mas ainda é melhor que rodoviária em véspera de feriadão.. hehehe
    Viu, foi ser uma morenona alta, fica desconfortável!! :P
    bjssss
    TECO

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  5. Meninaaa...você é escritora nata! Conseguiu descrever com precisão super bem humorada essa coisa de viajar de avião, é isso mesmo!! Estarei embarcando hoje numa favela-class para mais um voo "daqueles" com conexão até Seattle, vou me lembrar de você com certeza ! Fique com Deus! E obrigada pelas boas gargalhadas que dei !
    Um beijo no teu coração, Sheyla Clark (quando tiver um tempinho viste meu blog: http://nolimiardaultimafronteira.blogspot.com)

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